quarta-feira, 19 de novembro de 2008

_piano bar.

A fumaça branca que se dissipa contra um céu escuro e se derrama em chuva.

Pulmões quentes, coração em gelo. Mãos sem toque, pele em deserto.

Faça-me chorar, respirar, sobreviver.

Me peça o fogo mais uma vez, como se estivéssemos naquele bar em preto e branco.

As notas de piano que antes sossegavam nosso beijo, hoje anunciam tua partida.

Se quiser abrir a porta vai e vem, ande logo, antes que ambos viremos abóboras.

Somente desta vez não se esqueça de me devolver o isqueiro.

Afinal, o fogo sempre fica por minha conta.

Sempre.

sábado, 8 de novembro de 2008

_minha última idéia.

Se encolheu contra a vitrine molhada. Um lado gelado. Sozinha.

Correu na calçada vazia e buscou por um eco livre.

F ugindo de si mesma e daquele sujeito, ela sentou entre as sinaleiras. O sinal verde.

Abriu os braços contra o tracejado branco e esperou que seu destino a levasse.

Qualquer lugar, qualquer saída. Beco, ruela, esquina maldita.

Veio o vento. E com ele as folhas. E sem ele, o choro.

Suas lágrimas marcaram o asfalto, sua morte inaugurou o dia.

quero começar de novo. minha última idéia.