terça-feira, 30 de dezembro de 2008

_Em pó.

O interior que se desdobra em avessos. O de fora que sufoca e provoca. Devora. Corrói e se transforma em cinzas. Um corpo desmanchado em pó, que se liberta com o vento que passa, aliviando-se da realidade que o mata.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

_história sem fim.

Era pôr-do-sol quando ela chegou. Sentou na minha mesa acompanhada de um amigo e me disse "oi" com sotaque lá de cima. Parecia divertida, meio perdida, pronta a ser encontrada. E foi. Nós descobrimos dentro daquela mulher, uma menina inocente, rara, imensa, pura.

O tempo correu, e nós passamos a fugir contra ele. Fizemos de tudo, experimentamos de tudo, rimos de tudo, choramos de tudo, nos escondemos de todos e nos mostramos ao mundo.

Ela, que surgiu do nada e fincou seus pés e garras na minha pele, deixou história por aqui. Uma história que não se apaga, se vive, mesmo que seja em memória, com lágrimas e sorrisos nos lábios, de quem um dia amou pra sempre.

E, assim, vai amar. vou amar.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

_labirinto.

Entre meus pulsos, perdi aquilo que já tinha sido em vão.

Desde o início. Um grande vão. Uma lacuna que talvez jamais tivesse existido, mas que em minhas entranhas se tornou um grande labirinto sem saída.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

_vento.

Bata seus braços contra o corpo e faça vento forte.

Somente o temporal é capaz de te levar adiante.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

_mito.

Me pega no colo e me leva para a beira da praia.

Me mostra que o mar não afoga, que a areia não é movediça, que a água é feita de açúcar, que o sol não derrete, que o vento não derruba, que a garrafa não guarda segredos, que a lua não se põe, que o horizonte é infinito, que meus sonhos são concretos e que o teu amor não é abstrato.

Me prova, e serei teu. Sem mais mitos.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

_reciclo.

De tempos em tempos, as cores se renovam. O azul que se torna verde, o amarelo que se desmancha em transparente, o preto que encontra sua paz no branco.

De mãos vazias ao peito cheio de medos. Um novo início ou um velho recomeço? do que já se viu, já se fez, já foi dito, sentido, desejado, perdido.

O vermelho tomou conta e logo fez de minhas páginas um romance em forma de borrão, que apagou meus pensamentos do eu sozinho e fez de você o protagonista de uma história sem mais capítulos.