quarta-feira, 2 de julho de 2008

_Tão simples assim.

Eu estava sentado na beira do mar quando ele veio e se juntou a mim. Olhou nos meus olhos e em seguida mirou o horizonte finito. Não perguntou meu nome, muito menos o que eu fazia ali. Pegou na minha mão e passou seu dedo indicador sobre uma de minhas veias. A maior delas, a mais verde-escuro delas. Senti uma ardência sobre a pele. Se aproximou do pé do meu ouvido e soprou um vento de suspiros vazios. Levantou-se, cutucou a ponta de seu pé esquerdo na espuma branca do mar e olhou para trás. Correu com seus olhos pelo local onde eu estava. Me encontrou em um ponto mais distante de onde havia me deixado. Estranho. Muito estranho. Escavou com suas unhas limpas uma estrela do mar enterrada. Vinha em minha direção cada vez mais rápido com seu presente em punho, porém nunca me alcançava. Quanto mais corria com sua estrela, mais me perdia de vista. Sem eu nem mesmo me mover, eu me arrastava contra a areia maciça, cuja solidez em breve virou movediça, e me tragou para o centro da terra, para o centro de mim mesmo. Numa velocidade surpreendente, ia me afastando do misterioso sujeito, que semelhante a um passe de mágica surgiu em minha vida, me encantou com sua pretensiosa beleza, mas que esqueceu apenas de perguntar o meu nome. Tão simples assim.

Um comentário:

L. F. Z. disse...

gostei muito!
vai pra minha lista de blóguis!!
hehe
abraço!