terça-feira, 27 de janeiro de 2009

_Saudades do prédio cor-de-rosa.

Saudades do carpete de um velho prédio cor-de-rosa. Carpete que raspava meus joelhos e amaciava as minhas quedas. No prédio cor-de-rosa, a parede de selva me ameaçava com seus tigres invisíveis ao mesmo tempo em que paralisava o olhar dos mais velhos.

Eram muitos quartos, muitas paredes, muitas pessoas. Naquela época, meus medos eram poucos, minhas vontades limitadas, meu andar quase lento.

Das janelas eu via carros, ônibus, pombas. Enxergava os vizinhos, os restaurantes pequenos que vendiam viandas para o almoço, os namorados das minha tias, a prima que fumava escondida.

Ficava no terceiro andar, o apartamento do prédio cor-de-rosa. Para mim, parecia uma torre distante de tudo e de todos. Mas na verdade, estava mais próximo da realidade do que eu imaginava. Aquela era minha realidade.

Saudades do meu velho mundo.