terça-feira, 23 de setembro de 2008

_os Imperfeitos.

Nos espelhos de Isabela, entre a fumaça do embaçado quente que derrete-se em vapor contra o gelado dos azulejos, se imprimem fissuras.
Nas taças finas cristalinas de Romeu, um veneno diluído em água com gás.
Nas roupas claras de Marina, as manchas que se revelam através da impossibilidade de nenhum esconderijo.
No corpo esculpido de Felipe, cicatrizes em busca de cura, mas que hipócritamente negam seu progresso.

Todos seres com seus punhos agarrados às chaves que dão entrada à bolha da perfeição.

Pobres seres, afinal, o que todos enxergam exceto seus próprios reflexos, é que não estão muito longe do rótulo de pobres coitados.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

_O tempo.

Nuvens ao vento marcam o meu tempo.
O úmido que se torna seco, o inquebrável que se parte ao meio, o colorido que se descolore em cinza.

Atrás dos vidros lá de casa, passam pássaros com asas de promessas. Pessoas que abrem seus braços em salto livre, voando sem sentido contra a maré. EU sou a maré. Um mar atordoado de repuxo violento.

A chuva do anoitecer tatua a pele do asfalto que cicatriza velozmente o chão de marcas invisíveis, enquanto meu peito aberto jamais se fecha, e sem saber ao certo o por quê, ele permanece alí sentado, à espera que o maldito tempo o cure.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

_para onde foram todos?

A cada segundo, um sonho seca por volta de duas quadras de distância do meu travesseiro.
A cada duas quadras de distância, amores que se perdem, o ódio que renasce, a paz que se veste de preto.
Por mais que corras, ela te alcança. Por mais que permaneças, ela foge. E vai embora. E volta maior. E retorna mais voraz. Te assombrando feito criança sem berço, feito velho abandonado, cachorro sem dono.

Frustração - Mágoa - Tristeza - Ignorância - Dor.

Chame-a como quiser, porque independente de como a denomine, eu sei que ela está ao teu lado.