segunda-feira, 27 de outubro de 2008

_Ser.

A liberdade costumava beber do meu infinito. Não bebe mais. Minha liberdade encontrou seu fim no meu fim, e fez de um novo início meu recomeço. Recomeço de forma singela, menos expressivo, mais contido, menos perturbador. Porém, não menos vivo, porém, não menos sábio. Somente mais maduro. Menos verde. Mais envelhecido. Menos torto. Mais reto. Minha liberdade agora é reta. Reta feito um trilho de um trem, pronta a tomar outro rumo à qualquer momento.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

_pena de morte.

A maldição da palavra livre é a chuva mal intensionada. Enquanto uma clama por eternidade, a outra a destrói por natureza.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

_Orquestra.

Os dedos que tocam feito piano nas notas soltas do meu peito de violino, são os mesmos que arranham minha garganta e desafinam meus medos de menino.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

_Feito jogo.

Fase 1 - A obra de arte.

Por mais que você se destrua todas as noites, sempre estarei pela manhã recolhendo seus restos, e lhe remontando feito quebra-cabeças.

Fase 2 - O mágico.

Por você ainda espero, mesmo que seja pelo indefinido fragmento de uma doce ilusão.

Fase 3 - Game over

Ponha a mão contra o cérebro e pense. Respire fundo até cessar a dor. Olhe para frente e verás uma vitrine. Após quebrar a parede de vidro com seus pés, siga pulando os quadrados do corredor de chão xadrez. Abra a segunda porta à direita. Uma chave encontra-se sob o capacho marrom. Destranque lentamente a fechadura e adentre o ambiente. Há três janelas na parede da lateral esquerda do cômodo. A do meio estará aberta. Pule.
Ao cair sobre o solo árido do descampado, corra em direção à casa velha de madeira cinza. Um pequeno machado estará jogado no piso da varanda de entrada. Segure firme a ferramenta e destrua a porta de acesso principal.
Ela estará alí, sentada, tranqüila. À sua esquerda haverá uma lareira. Acenda. Logo, pegue o bule de chá que estará sobre a mesa de centro e sirva-se uma xícara. Tome um gole da bebida fria. Sente-se ao lado dela, que estará muda como sempre, e lhe mate com a verdade. Suas palavras irão feri-la aos pedaços. Primeiro irá cair um braço, o esquerdo. Em seguida ela ficará sem os olhos. Logo será a vez dos pulmões e dos pés. Por último, o coração dela irá se desfragmentar em inúmeras fissuras. Game over.


Por favor, não sinta-se culpado nem por um segundo. Na vida aprende-se diariamente que melhor a morte alheia do que a sua própria falta de ar.