O limão entrou na roda. Passou de mão
segunda-feira, 30 de junho de 2008
O limão entrou na roda. E azedou.
A louca da Rita.
Gotas de suor caíram sobre os longos fios de cabelos de Rita. Um vento vindo do norte, seco e abafado evaporou as lágrimas da testa da jovem. Antes de atravessar a rua em meio a tantos carros velhos e sujos, Rita contou até 15. A sinaleira foi para o VERMELHO sinalizando a paralisia do movimento dos corpos.
quinta-feira, 26 de junho de 2008
_Corra, Fulano, corra!
Corra! Corra contra o tempo, pois todos já chegaram lá! Não vê os sorrisos? Não enxerga as mãos dadas? Não escuta as gargalhadas? Não deseja isso para você? Então corra, filho, contra tudo que você acredita e sente, pois para estar na postura alheia, deve-se matar primeiro. Matar a si mesmo, os seus sonhos, seus princípios. Pois os teus atuais não podem ser os mesmos para estar lá. Mas lá tá bacana, não é? Tá bonito, não é? Pois então, se mate e faça sua ressurreição como mais um. Apenas mais um. E seja feliz.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
O medo de João
O maior medo de João era o escuro. O escuro imprevisível que tornava todos invisíveis. No escuro João não se encontrava. Esbarrava em pontas agudas enquanto feria seu corpo. Ouvia no fundo de algum lugar que não conhecia um eco esquisito e desconfortável. A temperatura no buraco negro é fria. Não sobe. Ninguém se mexe e ninguém se aquece. O escuro bloqueia, paralisa, emudece. Todos ficam quietos para ouvir. - Ouvir o quê? pensa João. Ouvir o primeiro corajoso a dizer “Estou aqui! No canto esquerdo perto da porta de saída”. Porém ninguém diz. Ninguém fala. Ou se esquece de falar. Ficar quieto sem ser encontrado em lugar algum talvez seja mais cômodo do que ser cutucado por um estranho no meio do caminho. E também ninguém se move. Estátuas humanas em meio a um espaço gigantesco a ser explorado. Espaço à principio que João talvez nunca conheça. Pois para falar em meio à escuridão, João precisa ser ouvido. E para ouvir, o que ele mais necessita é de um som, por mais distante que inicialmente possa soar. João só precisa que alguém diga: - Dá pra acender a porra da luz, por favor!